Niel, sétimo da equerda para direita, na Seleção Sosseguense de Futebol |
A
vida nos prega peças às vezes inexplicáveis. Quantos e quantos homens famosos,
mitos da sua época, foram esquecidos. Inúmeros. Não adianta nem citar nomes que
nem mesmo os do seu tempo conseguiriam lembrar o que fizeram ou deixaram de
fazer. O esquecimento é praxe da humanidade, com raríssimas exceções.
Sem
ir muito longe, exemplificando pessoas de nosso meio, da Paraíba, da nossa
cidade de Sossego, temos casos de esquecimentos prematuros que prendem a
atenção de quem viu, viveu e deixou de lado. Refiro-me ao jovem Antoniel Fabrício
Alves da Costa, conhecido nas hostes esportivas por Niel.
A
fatalidade ceifou-lhe a continuidade na vida esportiva por estar postado numa
cadeira de rodas, vitima de problema na coluna vertebral que o fez deixar de fazer
o que mais gostava: jogar futebol. Isso se leva ao fato do acidente sem, porém,
obrigar ao esquecimento dos muitos que o aplaudiam a beira do campo.
Não
faz muito tempo. Três anos, mais ou menos. Pouco tempo para relevado
esquecimento. Os jovens de hoje, em sua terra natal, aqueles que o viram jogar,
foram tantas vezes integrantes de grupos que aplaudiam as jogadas pela esquerda
do melhor lateral da região do Curimataú e Seridó paraibano.
Mas
os ídolos caem no esquecimento de maneira tão rápida que Niel não seria uma
exceção, como gostaríamos que fosse. Os aplausos de ontem poderiam se
transformar nas visitas de hoje, No conforto espiritual, material, mesmo porque
o físico, o atlético, por enquanto não está sendo possível.
O
jovem alegre externamente, certamente triste internamente, transmite à todos otimismo
e esperança de voltar a sua vida de outrora e ainda receber os aplausos que
ontem soavam em seus ouvidos como incentivo a fazer melhor na próxima jogada.
Sua casa está sempre aberta para receber os amigos.
Até
eu, que o visitei profissionalmente, deixei de levar conforto e esperança.
Falhei, confesso, mas a obrigação maior cabe aos seus conterrâneos, seus amigos
das peladas e jogos no “Biduzão”. Um pouco de carinho, de presença, mesmo que
seja para confortar alguém necessitado, faz bem ao égo.
Mesmo
tardiamente chegou o momento de mostrar à Niel que ele continua em nossos
corações. Que sua alegria com a bola no pé pode continuar, mesmo que seja fora
do campo de jogo. Niel, que há mais ou menos três anos era orgulho do
sosseguense, continua nos dando esse prazer porque está vivo e esperançoso.
Hoje
a tecnologia aproximou os impossibilitados de locomoção viver uma vida bem
parecida com que vivia antes. Primeiro é querer. Segundo o apoio da família.
Terceiro métodos tecnológicos que enriquecem o lar, o ambiente, com sorrisos e
palpitações explosivas no comando de um botão de TV ou similar.
Não
esqueçamos Niel. Ele foi vitima da fatalidade, da sua juventude na ânsia de
conhecer mais e mais. Não tem culpa de se encontrar impossibilitado de
locomoção. Foi desígnio de Deus e quando Ele, Deus, quiser Niel voltará a ser o
mesmo de quando recebia aplausos a beira do gramado.
Todos
nós devemos confiar em Deus, como ele confia. Seu gesto alegre, sua confiança
na medicina e fé Naquele que decidiu pelo seu destino, o leva a receber amigos
e admiradores com a mesma simplicidade de ontem. Não vai poder driblar, chutar,
comemorar uma grande jogada. Mas vai explodir de emoção com a sua visita.
(Matéria
P/P Adamastor Chaves)
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