O titulo “Futebol no Interior” tem como seguir um rito nacional. No entanto, para não cometer gafes ou escrever coisas que não domino plenamente, vou apenas regionalizar o assunto enfocando o futebol da Paraíba, priorizando a prática esportiva no interior do Estado, suas dificuldades, e até cômicas situações.
Como é difícil fazer, praticar ou dirigir futebol amador na Paraíba, em especial agremiações interioranas onde a vontade, o amor a causa ou região, falam mais alto. Internamente, nos municípios, são tantas incertezas de facilidades e apoios que fatos, as vezes inusitados, chamam a atenção e fazem da situação um caso interessante.
Tenho andado por essa Paraíba afora fazendo futebol em todas as categorias. No profissional, embora os poderes públicos costumem ser o forte no equilíbrio das ações, o sofrimento é grande. Clubes mendigando ajudas porque não têm estruturas para sobrevivência. A prova é que estamos longe na “elite” do futebol percorrendo caminhos do C e D.
No amadorismo, em se tratando de futebol, a coisa é mais crítica ainda. Seja na capital ou no interior, é patente a precariedade desde a formação do time, transporte e locais de jogo. Mas o futebol não deixa de ser praticado. Viajando entre cidades, trabalhando ou não, as vezes se tornam hilárias algumas situações em que nos deparamos.
De carroça, caminhão pau-de-arara, ônibus velhos, motos, bicicletas, automóveis em precárias situações mecânicas, e a pé, estamos acostumados a presenciar cenas correlatas. Incrível a vontade de fazer futebol sem assistência, ou quase nenhuma, muitas delas representando sítios, comunidades, lugarejos, distritos, municípios.
O importante é que tudo acontece na maior simplicidade. Poucos reclamam, na vitória ou derrota. Quando algum gestor municipal se propõe ajudar, colaborar, financiar registros em competições, uniformes de jogo, calçados e bola, tudo em nome do Município ou arcando pessoalmente com as despesas, a coisa flui naturalmente. É alegria geral.
A maioria, ou quase sua totalidade, vive a míngua. Sem pão e água. Isto é, sem bola e padrão. Sem transporte digno ou ajuda para o mesmo. É, na verdade, um sacrifício fazer futebol no interior, com raríssimas exceções. É chegada a hora e vez dos poderes públicos olharem para esse lado e atentarem para o detalhe de que a prática esportiva é saúde, é educação.
No interior do Estado, em especial da Paraíba, ao qual nos propomos relatar fatos presenciados, estão concentradas verdadeiras revelações para o futebol, faltando, apenas, maior atenção para o desenvolvimento desses futuros astros da bola, se por ventura venham receber o devido apoio. À quem interessar possa, é só viajar pra confirmar o que digo.
Nas grandes cidades, em parte, estão concentradas as atenções. Favores, ajudas, transporte, investimentos, etc. Nas pequenas, onde também se revelam atletas, não tem a atenção que merece. É patente a desatenção, com raríssimas exceções. O interior merece ser visto com bons olhos e mais interesse, e não ficar à margem da realidade esportiva.
Quem duvidar do que relato, que venha para o interior sentir a realidade da necessidade de se fazer futebol. A falta de apoio, interesse e respeito, é pública e notória. Repito! São poucos gestores municipais que vêm o desenvolvimento esportivo como meio de incentivar a educação e evitar a proliferação da ociosidade no meio da juventude.
(P/P Adamastor Chaves)